4.01.2007
I - Life Room - That Voice, That Room
"(...)
A mão não treme, mas a gélida visão do local atravessa profundamente minha alma, e não somente através da gelada maçaneta...

- O quarto de tua vida...

A voz ecoa, muito mais pelos espaços indefinidos de minha mente do que pelas cavidades de meus ouvidos. A aparência velha, mofada, e triste do local permanece a mesma desde que me lembro... Talvez ela tenha sido assim desde o início dos tempos...

A porta, não mais para minha surpresa, se fecha com um barulho surdo, porém forte. A velha janela, com vidros desgastados e empoeirados deixam uma pequena luz entrar no quarto, mas ainda assim lembram somente que vagamente a luz do sol. No centro, iluminado por essa quase luz, está um velho barbante com um símbolo preso, usado no pescoço, que deixe cair ali desde a última vez que estive aqui.

-O que queres? A poeira desse local ainda não deixou teus sonhos? Ou está tentando relembrar a razão de terem sido postas em teu inconsciente?

A voz ecoava de todos os lados, apesar de ter posto meus olhos sob o velho baú a direita. Ele estava semi-aberto, e olhar para dentro dele me fez sentir uma forte vertigem e ansiedade, então logo desviei o olhar olhando para um teto, preto, e preenchido por um labirinto de teias de aranhas.

-Sabes que nunca venho para cá com um propósito. Insisto em olhar essas paredes sem quadros, e vazias de vida em busca de alguma coisa além do que meus olhos percebem...

- Tolo! Não percebe que essa casa e você fazem parte de um mesmo pedaço nesse universo! Estás me dizendo que olha para um espelho e não vê nada?

... ou tem medo do que vê?

Demoro a responder, e fico a pensar no espelho... Tive sempre a ligeira impressão de que em algum tempo havia um espelho nesse quarto...

-Não preciso de um espelho... pois posso ver o que quero sem ele. Respondi com tom de confiança, como se olhasse fundo para os olhos com quem converso, apesar da sala continuar sendo ocupada por uma só pessoa.

-Eu sei o que vejo. Sei o que este aposento guarda, mas existe algo... Alguma coisa oculta, algum sentido que ainda não pude ver.

Espero uma resposta sem obter sucesso.

Andando com passadas curtas e lentas, fico vagando indefinidamente pelo quarto... Olhando as pequenas formas que as paredes parecem formar com o tempo. Os retratos no chão. O baú, o símbolo preso ao barbante ao chão. Os vultos que minha sombra forma, que parecem não serem criadas pela luz, e sim por outra força oculta... ou talvez por min mesmo.
Me dirijo a porta, fico a observar o estado de deterioração que ela mantém por décadas, ou talvez mais...

-Já te retiras, ó Buscador?

- Não. Desta vez não.

Sento-me ao canto da sala, e lá fico, como se esperando a reação surpresa da voz que parece vir de Deus.

-Desta vez, não fugirei, ou abandonarei este quarto. Não sem respostas. Não sem um caminho.

Uma pequena aranha me encara no teto sob minha cabeça, talvez admirando a calma, e suposta determinação, ao me ver imóvel a refletir no canto deste quarto.

Ao olhar para o centro do aposento noto que a pequena luz do aposento reflete fracamente no símbolo esquecido no chão imundo. Isso me cria um sorriso singelo, quase tímido, mas como em poucas vezes, verdadeiro.




-Olhe para o quarto...

(...) "
Escrito por Patric Dexheimer as 10:22 PM

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Nome: Patric Dexheimer
Idade: 24 Anos
Cidade: Guaporé/RS

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