"Chego em casa...
2:30 marca o relógio...
Procuro por comida pelas estantes...
Me sento no balcão...
A minha frente uma janela...
Um espelho...
Mas algo está errado...
A imagem do espelho não se move...
Sou eu... sim ,sou eu...
Mas minha imagem não se move...
Começo a me lembrar da noite...
Me sinto tão inútil...
Tentando conviver com as pessoas...
Com todas as gírias que faço só para poder me "enturmar",
Todas as piadas sem graça que faço, só para arrancar algumas gargalhadas...
O jeito que converso para as pessoas poderem me aceitar em seus círculos...
Todos os atos avacalhados para parecer ser o "foda", o bêbado engraçado...
Tudo que faço para as pessoas ao me redor...
Somente para não cair num canto...
Sozinho...
Minha máscara pode me trazer "amigos"...
Mas continua sendo uma máscara,
Que encobre a realidade...
Que me torna mais um no meio da multidão,
Mas que, de uma maneira ou outra...
Me faz sentir sozinho...
Mesmo estando perto de todos...
A verdade pela solidão...
Ou a mentira pela "amizade"...
Já me decidi a muito tempo...
Mas caio nesse vicio...
E acordo...
Com a imagem do espelho, me encarando...
Vou para cama, e a imagem enfim se mexe...
Sai do espelho...
Vejo minha imagem em minha cabeça, girando pelo efeito do álcool...
Até que ela se mistura a escuridão de meu quarto...
E então adormeço..."